Dragon Half, um tesouro escondido

Ryuusuke Mita é um nome que passei a respeitar, mas eu nunca tinha ouvido antes. Bom, não era a toa, diferente de vários mangakás ele não tem exatamente uma grande variedade de mangás completos, muito menos algum específico que seja ultra famoso, mas dentre os que ele tem existe Dragon Half!

Esse é um mangá de 1989 de gêneros aventura, comédia, fantasia e ecchi sobre uma garota meio dragão chamada Mink, que é apaixonada pelo cantor famoso Dick Saucer — que também acontece de ser um matador de dragões nas horas vagas. A partir de uma série de eventos azarados, Mink parte com seus amigos para uma jornada na qual ela deverá derrotar o lorde demônio Azatodeth e adquirir uma poção lendária que a transformará em uma humana completa, podendo assim conquistar o amor de Dick.

Simples e direto ao ponto, como se o plot tentasse te dizer: “Ei, eu não sou o principal apelo dessa obra”. Dito isso, o que faz disso algo tão interessante pra mim? Tudo começaria com sua fórmula de comédia. Nesse mangá, Ryuusuke nos entregou um leque divertido de personagens e conceitos. Olhando para Mink, nós temos uma garota meio dragão que simula o que você esperaria de uma garota de anime comum, porém extremamente forte, mesmo que não seja exatamente algo original. Ao longo dela temos dois outros protagonistas que fazem das coisas mais interessantes, sendo eles Pia e Lufa. Pia é uma garota extremamente fraca que usa uma armadura de defesa impenetrável com reflexão mágica comprada por seus pais super protetores, e tem a personalidade mais infantil de todo o grupo. Já a Lufa seria a elfa tarada e mau-caráter com várias tendências lésbicas, a todo momento tentando usar da situação para pegar a Mink.

Caso você precise de um parâmetro de comparação, eu poderia dizer que a ideia por trás do grupo de protagonistas é bem parecido com o que veio a aparecer em KonoSuba, porém aplicado de uma maneira mais fofa em que os personagens são realmente feitos para você simpatizar com eles… na medida do possível.

No que diz respeito a conceitos, Dragon Half se segura parodiando diversos elementos idiotas de jogos de RPG e fantasia num geral, tendo um humor bem focado em quebra de expectativa com ocasionais referências jurássicas de anime e mangá. Então mesmo que você não entenda muito de clássicos e não pegue uma única referência, a obra vai conseguir te entreter com o senso de humor próprio, o que é sempre um ponto positivo.

Uma coisa que me fez apegar demais à obra num todo foi como a arte de Ryuusuke Mita é interessante. Não só o fruto da idade fez do traço bem diferente dos animes atuais, como também o próprio fazia questão de tomar alguns passos extras para colocar diversos elementos mais cartunescos em seus personagens, permitindo várias deformidades cômicas de expressão e mudanças de estilo mais naturais conforme as cenas de comédia fossem precisando.

Outra hora que sua arte brilhava era nos momentos de ecchi — por mais que eles não sejam exatamente o foco do mangá, toda essa forma mais fofa e compacta, normalmente destacando os quadris das personagens resultavam em interessantes imagens que você não conseguiria encontrar em mais lugar algum. Mesmo que você estranhe no inicio, basta assistir um episódio do anime ou ler alguns poucos capítulos do mangá até passar a apreciar. Isso é, se não for um fã de traços antigos pra começo de conversa.

Tudo isso considerado, como consumir o Dragon Half? A forma definitiva definitiva é indiscutivelmente o mangá, mas o anime tem um papel muito importante também. A OVA de 2 episódios que adapta a obra para por volta do capítulo 16, porém é bem animada e serve de uma ótima introdução, capturando muito bem o estilo de comédia e te deixando mais à vontade com os visuais e ainda por cima tendo um elenco bem interessante por trás do anime. Por exemplo, Kotono Mitsuishi, voz por trás de Tsukino Usagi (Bishoujo Senshi Sailor Moon), Arisugawa Juri (Shoujo Kakumei Utena) e Katsuragi Misato (Neon Genesis Evangelion) é quem dá a voz da Mink nesse OVA. Caso você curta o que assistiu, é extremamente fácil pular pro mangá, tanto lendo novamente o pouco que o anime mostra, como pulando a parte que já viu. Levando em conta como o mangá possui apenas 66 capítulos, é uma leitura bem rápida, com direito a certos momentos de lutas importantes com poucos diálogos pra ajudar na velocidade.

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